quarta-feira, 10 de junho de 2015

Carta aberta do Presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil sobre a última parada LGBT

Queridos irmãos e irmãs. 
A última parada LGBT realizada em São Paulo, no domingo passado, mais uma vez mexeu com a sociedade brasileira. Em especial, com os cristãos, a partir do protesto de um transexual, que vestiu-se de Jesus Cristo crucificado na cruz, fazendo uma analogia do sofrimento de Jesus com o sofrimento que os travestis sofrem na sociedade civil.
Ainda que muitos de nós tenhamos ficado ofendidos com a cena, por considerarmos uma blasfêmia, não nos compete julgar o transexual (Lc 6.37, 38). Aparentemente, ele pertence a um grupo que busca justamente através da polêmica e do confronto protestar por suas demandas.
Outrossim, nos compete seguirmos a sugestão de Jesus de virar a outra face (Mt 5.39), isso é, não responder protesto com protesto, ódio com ódio, falta de respeito com falta de respeito. A nós compete testemunhar e viver o amor de Jesus a todos os seres humanos, seja heterossexual, homossexual, travesti, etc.; todos nós humilhados pelo pecado que nossos pais Adão e Eva nos legaram (Gn 3; 1 Co 15.21, 22). Somente o Evangelho tem o poder transformador de curar os pecados e somente Cristo atende perfeitamente as principais demandas de cada pecador: a remissão dos pecados e a Vida Eterna (Rm 1.16, Jo 3.16). Como diz uma famosa frase popular, “Jesus não precisa de advogados, mas sim de testemunhas”.
Que em lugar das trevas, haja luz nos corações. Que em lugar do ódio, haja amor em nossos relacionamentos. Que em lugar da intolerância façamo-nos de tudo para com todos, com o intuito de ganharmos almas para Cristo (Mt 5.16; 1 Co 9.22; Jo 15.12; Rm 12.10).
Que, como povo de Deus, continuemos sendo o sal da terra e a luz para o mundo (Mt 5.13, 14), denunciando o pecado, mas superabundando o Evangelho em nossos pensamentos, palavras e ações (Rm 5.20).
Que o amor e a graça do Salvador Jesus nos motivem a viver e testemunhar o que o Senhor tem feito em nossas vidas, hoje e sempre (Sl 118.17)!

Porto Alegre, RS, 10 de junho de 2015.
Reverendo Egon Kopereck – 
Presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Varrido da História

Uma senhora sozinha. No coração, as dores e sofrimentos da vida. Há alguns anos já havia perdido o marido. Há não muito tempo, havia perdido o filho. O único filho. Sozinha enfrenta a vida. Um medo lhe atingiu o coração. O marido e o filho estão sepultados em outra cidade. Por lá não há parentes, conhecidos ou alguém para cuidar dos túmulos. E seu grande medo é que, quando ela também fosse sepultada por lá, a família cairia no esquecimento. E, se ninguém pagasse as taxas administrativas do cemitério, seus túmulos seriam limpos e reutilizados. O nome na lápide seria apagado. Uma família no esquecimento. Varrida para sempre da história. Este era o medo. 
Lembro-me do filme O Gladiador. Para motivar seu exército na batalha, o gladiador Maximus os convida a entrar para a história: "O que fazemos em vida ecoa pela eternidade". É compreensível o medo daquela solitária senhora. O ser humano busca seu espaço, suas conquistas, constrói sua história. Arrisca-se para isto. Quer ser lembrado. Quer ecoar pela eternidade. Quem gostaria de ter sua história apagada, dissipando-se lentamente, perdendo-se a cada amanhecer? Quem gostaria de ter seus nomes arrancados das lápides e jogados no mais profundo esquecimento?
Há alguém que é mais forte do que tudo isto. É maior que este medo de ser esquecido. É maior que a morte. Afinal, com sua própria morte e ressurreição, garantiu que muita coisa vai ecoar pela eternidade. É Jesus, Deus Salvador. Garantiu não apenas a continuação, mas a transformação de nossas histórias e vidas. Não num plano espiritual, abstrato e irreal. Mas garantiu vida real e eterna no novo céu e nova terra.
Este Deus que ecoa tanto na eternidade quando na simples vida diária diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá” (João 11.25-26). Isto é maior do que qualquer esquecimento. É maior do que qualquer lápide apagada e esquecida. Com Jesus, vida eterna. Sem Jesus, desgraça eterna. Sim, a vida continua. Ecoando pela eternidade. Ou no céu, ou no inferno.
Então fica a dica: a ressurreição de Jesus garante que nossas histórias não cairão no esquecimento. Aquela senhora sofrida e solitária jamais será esquecida, nem suas dores e aflições. Deus a comprou com a morte e ressurreição de Jesus. Este amor é maior do que qualquer lápide apagada, túmulo esquecido, nome varrido da história. O que fazemos em vida ecoa pela eternidade. Numa eternidade cheia de reencontros entre cristãos.
Pastor Bruno A. Krüger Serves - CEL Cristo, Candelária-RS