quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Reforma - ontem e hoje

Por Alderi Souza de Matos

Todo grupo humano possui em sua história eventos de grande significado que estão intimamente associados com a sua identidade e autocompreensão. No caso dos protestantes, um evento dessa natureza é o episódio que desencadeou a Reforma Religiosa do Século XVI. O monge agostiniano e professor de teologia Martinho Lutero afixou à porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha, as suas célebresNoventa e Cinco Teses, convidando a comunidade acadêmica local para um debate público sobre a venda das indulgências e outras questões controvertidas. Desde então, o dia 31 de outubro de 1517 tem permanecido na consciência evangélica como um símbolo fundamental do seu movimento.

Todavia, por decisivo e marcante que tenha sido, esse acontecimento pertence ao passado e não pode mais ser repetido. Há muitos evangélicos que sonham com uma volta aos tempos da Reforma, assim como tantos gostariam de restaurar os dias heróicos da Igreja Primitiva. A isto chamamos de “repristinação”, ou seja, a tentativa de restaurar alguma coisa a um estado ou condição original, prístino. Porém, o fato é que os acontecimentos, circunstâncias e personagens passam inexoravelmente; somente as idéias e os ideais permanecem, e são eles, acima de tudo, que devem ocupar a nossa atenção.

Ao comemorarmos mais um aniversário da Reforma, de que maneira podemos celebrar a obra dos desbravadores evangélicos do século XVI? De que modo podemos honrar o Deus dos reformadores, nós que vivemos no início do século XXI? Uma das respostas é: conhecendo e encarnando as convicções que nortearam as suas vidas e os seus labores. Destacamos três delas, que reputamos essenciais para a igreja contemporânea.

Primeiramente, é notável o lugar que os reformadores deram ao Deus trino em seu pensamento e ação. Apesar dos fatores políticos, sociais e econômicos envolvidos na Reforma, o seu ímpeto mais central veio da profunda experiência religiosa de líderes como Lutero e Calvino. A sua visão da graça e da glória de Deus, mediada pelas Escrituras, levou-os a colocá-lo no centro de suas vidas e a rejeitar tudo aquilo que pudesse obscurecer a sua majestade como Senhor do universo, da vida e da redenção. Em segundo lugar, há que considerar o seu entendimento da Igreja como comunidade de adoração, comunhão e serviço. A Igreja não era para eles uma estrutura ou instituição, mas o conjunto dos fiéis que se reúnem para exaltar a Deus, estudar a sua Palavra e celebrar a sua salvação, e depois se dispersam para testemunhar e servir. Finalmente, os reformadores nos inspiram em seu entendimento da sociedade. Rompendo com a dicotomia entre sagrado e secular, os líderes da Reforma e seus seguidores insistiram no fato de que toda a vida pertence a Deus e deve refletir o seu senhorio. Com seu trabalho e exemplo, o cristão deve esforçar-se para que os valores do Reino permeiem todas as áreas da coletividade. Que sejam essas as nossas preocupações ao lembrarmos novamente os eventos e personagens dos quais somos herdeiros.

Um comentário:

  1. A igreja catolica precisava mesmo de uma reforma. Pena que essa reforma gerou muita disavença entre si proprios, varias denominaçoes cada por si proprio gerando dessa forma uma conversao de valores, tais como a eucaristia simbolica, o batismo em nome de um membro da trindade, unificismo de apenas um ser nao podendo existir uma trindade etc...

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